segunda-feira, outubro 16, 2006

UM PASSINHO À FRENTE, POR FAVOR!













A HIPOCRISIA APLICADA AO TRANSPORTE COLETIVO

Como havia tempo que esta coluna lombar não fazia uma recramação sobre a Cidade, lá vai:
Há ônibus demais, circulando vazios, aqui pela Zona Sul do Rio!
Em outras partes da cidade, dizem que faltam ônibus, principalmente em locais (mais) violentos, de difícil acesso e com ruas (ainda mais!) esburacadas.
Teoria CrissMyAss: As empresas têm prejuízo, com ônibus que circulam vazios, pagando salários e encargos de motorista e trocador, combustível, manutenção, seguros, impostos, etc.
Mas se elas têm prejuízo, por que mantêm tantos ônibus vazios em circulação???
Não será porque elas declaram falsos lucros e assim lavam dinheiro, próprio ou de terceiros, obtido ilegalmente com alguma outra atividade??
E as Vans? Pena que quem corre o risco de andar naquelas arapucas ambulantes, guiadas por dementes, é a população carente e inguinorante, e não as autoridades municipais. Poluentes e fumegantes, lá vão elas com seus pneus carecas, seus faróis queimados, verdadeiros bólidos desgovernados.
Falando em vans, kombis e riquixás: ouvi que o setor do dito transporte alternativo é dominado por duas grandes forças da economia paralela: os PMs e os traficantes. Daí a sua intocabilidade.
Mas empresários de ônibus também estão longe de ser uns coitadinhos.
Governo entra, governo sai, e nenhum se manifesta sobre os delicados temas do transporte coletivo e do trânsito- que roubam horas preciosas ao cidadão, (sob a forma de horas úteis, poluição e sonegação), pela mão de alguma Máfia intocável. (Aliás, três).
Quando o velho (ehehehe) falava em estatizar o transporte coletivo, o pessoal caía de pau em cima dele; mas que é uma solução, é; pelo menos é a solução usual e que funciona nos países desenvolvidos.
As linhas são concedidas com que critério? Por que é preciso haver duas linhas Grajaú-Leblon? Ah, itinerários diferentes? Mas, pra quem vai do Grajaú para o Leblon, qual o melhor itinerário? Então este é o que deveria valer, e basta.
Se tem gente que prefere o que passa na Rodoviária ou o que passa no Maracanã, é porque quer ir à Rodoviária ou ao Maracanã, e não até o Grajaú nem até o Leblon.
Não é possível que as autoridades não notem que há um excesso de linhas na zona sul, e também um excesso de paradas de ônibus, a uma quadra de distância umas das outras.
Somando isso à falta de ônibus nas áreas carentes, os fudidos que precisam atravessar a cidade pra trabalhar acabam levando até 3 horas na condução.
Sucessivas prefeituras preferem urbanizar favelas e incentivar a favelização, a tratar da batata quente que é a questão do transporte coletivo, atitude que seria indispensável para se estimular a desfavelização dos bairros e a expansão da cidade na direção da periferia, como é normal em qualquer cidade que mereça esse nome.
Claro que o povo não deve viver numa favela sem água, luz e demais serviços essenciais, dentre os quais um transporte coletivo eficiente. Todo cidadão deve contar com estes serviços, mesmo o que vier a residir mais longe dos centros (ou da beira do mar), porque não pode se dar a luxos.
Pra piorar, notem a distância entre os pontos de ônibus: para percorrer uma só rua como a Voluntários da Pátria, a Visconde de Pirajá ou a N. S. de Copacabana, leva-se mais de meia hora. E deve haver piores em outros bairros.
Muito cômodo praquela senhora pão-dura, que pega o ônibus grátis num ponto da Zona Sul, só pra saltar na quadra seguinte. E que se dane o coitado que vem lá de Deusmelivre e precisa passar por estas ruas, parando em duzentos pontos, a caminho de casa ou do trabalho.
O passe livre para idosos em muitos casos é injusto. O critério deveria incluir o fator renda, além da idade.
Desempregados à procura de trabalho, por exemplo, poderiam se beneficiar com um passe-livre temporário, agregado ao salário-desemprego. Afinal o cara tá duro, mas tem que sair pra procurar emprego, fazer entrevistas, enfrentar as filas - ou não? Esse tipo de assitencialismo - que assiste no processo de recolocação do cidadão numa atividade produtiva - não passa pela cabefa do calango, nem pela careca do Templário da Daslu.

No mínimo, os ônibus que fazem percursos mais longos deveriam ter só três paradas em cada bairro por onde passam.

E micro-ônibus, ou vans, fariam o transporte local, entre bairros próximos, ou dentro de um mesmo bairro.
Ainda comparando com países mais desenvolvidos: nestes, a distância entre pontos de ônibus é enorme. Ai de você se passar do ponto, vai andar pra cacete! E daí? Caminhar faz bem à saúde!


(Em breve, o próximo alvo desta coluna lombar, os famigerados táxis do Rio)

15 comentários:

Anônimo disse...

É isso aí.
A "minha" Criss falou, tá falado.
Tá brabinha, mas com toda a razão.
Descasca o pau nessa putada, bela.
Strix

Leandro disse...

Certo dia fui à Câmara Municipal daqui de Curitiba, para conversar com um vereador, conhecido por aqui por ser bom de briga, sobre assunto semelhante; para ver o que poderíamos (a população) fazer a respeito.
Resposta, após um indisfarsável passo para trás:
- Ih... Aí eu não mexo não, cara. Tô fora!

Aliás, deve haver uma pá de máfias tipo do transporte e da limpeza pública, das funerárias...

Anônimo disse...

1)faz parte das regras da concessão, manter os intinerarios com horarios espaçados, independente da lotação;
2)isso não tira o crédito do seu comentário sobre maquiagem no resultado das empresas... de fato existe, mas não é por aí;
3)concordo com a critica sobre a gratuidade... acabou tornando o transporte publico mais caótico e desagradavel
4)vans e taxis em excesso, em função de arranjos eleitorais, acabam de fuder de uma vez por todas o transporte publico por aqui!
5)transporte publico de qualidade vc encontra do outro lado da poça: jumbocats!rs

Denise S. disse...

Não tem que ter ônibus coisa nenhuma, tem é que ter metrô e trem de superfície pra botar esta cambada mafiosa pra fora!
É inaceitável que em pleno século XXI não existam metrôs decentes nas metrópoles brasileiras. O metrô de Londres é do século XIX, Buenos Aires tem um muito decente do início do século XX.
Não admira: afinal, esta cidade sequer pode ser considerada salubre, dados os inúmeros pontos de esgoto que nela minam, quem dirá ter um meio de transporte digno, algo já a mais na evolução, na civilização.
Entretanto, já que existem estes deletérios ônibus e já que na prestação de serviço concedido ou permitido pelo Estado é requisito a cortesia, a pergunta que não quer calar é: porque esses animais no volante? Sim, porque hoje vi uma coisa no Aterro típica da barbárie. Repito: são uns animais e nada é feito contra eles.

Ricardo Rayol disse...

Você tocou na ferida mesmo. Ao longo dos anos acredito que as linhas foram sendo loteadas para poder abarcar todos da máfia. E excelente sugestão do vale trasnporte para desempregados.

Anônimo disse...

http://www.patternlanguage.com/

Não concordo com muitas ideias do livro e do post + apesar disso é um belo livro e a blogueira idem. Quem sabe a visita ao site do pattern language possa ajudar a entender e incentivar pensamentos que solucionem o caos urbano.
Muito tempo sem post aqui Cris. Quase morri. Até provei um pudim (e eu não gosto de doces) pra ver se ajudava.

Anônimo disse...

Estes 'vespeiros' são intocáveis porque financiam as campanhas políticas para prefeito e governador.
Vans - vc acertou - são de PMs, ex-PMs ou do crime organizado. Não sei se lembra-se da paralização no Centro quando mais de 300 vans interromperam o trânsito e não foram nem sequer multadas. Uma vergonha.
Nosso querido RJ esta entregue Cris, delegacias recebem din din do tráfico e dos puteiros (estes, também de policiais), com quantias variadas de acordo com a localização. São mais organizados que o próprio Estado.
Na bandidagem, todos se entendem -
'I'll scratch your back and you'll scratch mine'.
Bjs

Frederico disse...

Meus caros, o texto pergunta e responde e o Leandro arremata. É isso aí: há máfias inamovíveis. E perigosas.

Jorge Sobesta disse...

Criss,

Você me lembrou um fato que rolou aí no Rio. Esse lance das vans serem controladas por bandidos e PMs. Uma vez eu trabalhava no Campo dos Afonsos, lá em Marechal Hermes. Fiquei 2 horas num engarrafamento na Av. Brasil porque um camarada foi meter um assalto dentro duma van (aquelas do tamanho dum fusca) e tinha um PM a paisana que sacou a arma e trocou tiros lá dentro. O motorista não pensou duas vezes, saltou da van em movimento, que por sua vez bateu num caminhão de óleo que capotou e lambuzou a avenida toda.

O Rio tem suas maravilhas mas também suas porcarias.

Um abraço.

Frederico disse...

"afinal, esta cidade sequer pode ser considerada salubre, dados os inúmeros pontos de esgoto que nela minam, quem dirá ter um meio de transporte digno, algo já a mais na evolução"; adoro os comentários dessa moça.

Eduardo Lima disse...

Quem antes ia de Besta agora vai de Xana, a van made in china. Depois dizem que o Lula não fez nada pelo povo. Deixa o homem trabalhar, deixa o homem trabalhar, olêlê, olálá.

Frederico disse...

A furgoneta chinesa que vem para o Brasil em breve chama-se CHANA, grafado assim. Já estão pensando quando colidirem o Picasso e a Chana... pô, imagina vc saindo de casa todo prosa com sua chana nova e, pow, o picasso do vizinho entra em cheio na chana. Fala sério ae...

Serjão disse...

Minha Cara Criss. O Velho chegou a estatizar. Só que foi incompetente criou linhas ineficientes e acabou devolvendo à iniciativa privada. Onde hay gobierno, hay mierda

Abração

Serjão disse...

Minha Cara Criss. O Velho chegou a estatizar. Só que foi incompetente criou linhas ineficientes e acabou devolvendo à iniciativa privada. Onde hay gobierno, hay mierda

Abração

Anônimo disse...

me faz mal ouvir das mazelas (e de qualquer coisa) do Rio.
não porque elas me incomodam por serem mazelas.
mas porque até nisso prefiro o Rio.

que delícia, por exemplo, a expressão deusmelivre para se referir ao lugar distante.

o Rio é melhor.
Criss, me abriga aí na casa do seu cachorro? é temporário...

(venho nesse blog pra curtir o Rio, nas mãos da Criss...a escrita dela é uma delícia! e, acho, bem carioca)